Por que algumas cidades antigas duraram mais que outras?

Por que algumas cidades antigas duraram mais que outras?

O que faz uma cidade sucumbir ou permanecer de pé por vários séculos? Na França, a cidade de Oradour-Sur-Glane está praticamente intocada desde 1944, quando foi atacada por militares do partido nazista e teve sua população obliterada. Já Craco, na Itália, perdeu quase toda sua população após deslizamentos na década de 1960 e ficou completamente deserta após um terremoto em 1980.

Ao longo da história humana, cidades subiram e desceram, mas muitas vezes não existem registros claros do porquê isso ter acontecido. Pensando nisso, um grupo de arqueólogos decidiu enfrentar o desafio de analisar os restos de cidades meso americanas já muito desaparecidas para formar uma teoria sobre por que alguns lugares mantiveram sua importância por mais tempo que outros.

Termos em comum

(Fonte: GettyImages)

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O estudo publicado na revista Frontiers in Ecology and Evolution analisou os restos de 24 cidades antigas no atual México e descobriu que existem alguns fatores em comum que fizeram certas cidades durarem mais tempo. São eles: governança coletiva, investimentos em infraestrutura e cooperação entre as famílias.

Anteriormente, a equipe de pesquisa do Field Museum, de Chicago, pesquisou uma ampla gama de cidades mesoamericanas ao longo de milhares de anos. Foi assim que eles descobriram um amplo padrão de sociedades com estruturas governamentais que promoviam o bem-estar de seu povo — o que fez com que durassem mais do que aquelas com grandes diferenças de riqueza e líderes autocráticos.

O novo estudo, no entanto, concentra-se em cidades de menor tempo e escala geográfica. As 24 civilizações analisadas na metade ocidental da Mesoamérica foram fundadas entre 1000 e 300 a.C., séculos antes da colonização espanhola mudar drasticamente a região no século XVI.

Caminho para o sucesso

(Fonte: GettyImages)

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O documento publicado pelos pesquisadores releva pistas encontradas nos restos dos edifícios, plantas baixas, monumentos e praças dessas cidades. Caso os restos de civilização tivessem resquícios de arte e arquitetura que celebrassem governos grandiosos, isso era um sinal de uma sociedade mais autocrática ou despótica. Por outro lado, representações de líderes em grupo eram vistas como governança compartilhada.

Dentro desse exemplar de análise, as cidades que tinham mais coletividade dentro de seus governos tendiam a permanecer no poder por mais tempo do que as mais autocráticas. Para medir a sustentabilidade desses povos, os pesquisadores buscaram correlações entre eventos ambientais, como furacões e terremotos, e a resposta humana a eles.

A equipe descobriu que a governança tinha um papel importante na sustentabilidade desses povos, o que quer dizer que as respostas políticas em tempos de crise eram essenciais para uma civilização sobreviver por mais anos do que outras. Embora essas cidades tenham desaparecido há milhares de anos, as lições descobertas ao longo do experimento mostram como os picos e quedas sofridos por um povo são incrivelmente relevantes para entendermos as sociedades contemporâneas. 

Sendo assim, os cientistas concluíram que o sucesso de um povo — independente do fim inevitável de sua história — tem completamente ligação com a forma como seus líderes aprendem a administrar situações críticas com sabedoria. 

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