Skatista brasileiro tem história representada em videoclipe do Metallica: “Surreal”

Skatista brasileiro tem história representada em videoclipe do Metallica: “Surreal”

Curitibano Felipe Nunes recebeu destaque no clipe da música “Too Far Gone”

Aos seis anos, Felipe Nunes teve sua vida mudada após um acidente que o fez perder as pernas | Foto: Reprodução / Metallica / YouTube

Aos seis anos, Felipe Nunes teve sua vida mudada após um acidente que o fez perder suas duas pernas. No skate, encontrou uma forma, além de locomoção, para se expressar socialmente. Hoje com 23 anos e uma carreira no esporte já trilhada, o curitibano recebeu destaque no clipe da nova música da banda Metallica: “Too Far Gone”.

“Muito longe. Estou muito longe? Estou longe demais para salvar? Ajude-me a passar o dia”. O refrão do single da banda americana – como o restante da música – é composto por cenas de manobra do skatista paranaense. Sua história de superação, que já recebeu destaque de marcas como Monster e Banco do Brasil, impressionou James Hetfield, Lars Ulrich, Kirk Hammett e Robert Trujillo, integrantes da banda, que convidaram o atleta para participar da produção.

“Na hora que recebi o convite, foi surreal. Achei que fôssemos gravar juntos, pessoalmente, mas não deu certo”, conta Nunes ao Estadão. A música foi lançada há quatro meses, mas o novo videoclipe, com o skatista, foi publicado somente nesta semana nos canais oficiais da banda dos EUA. Sua história inspiradora é registrada ao longo do videoclipe, no qual é possível ver, além de imagens inéditas do skatista, a evolução do atleta ao longo dos anos.

“Gravei a parte das manobras e eles gravaram, separadamente, a parte do show.” Nunes não se encontrou com o quarteto do Metallica antes ou após as gravações, mas pensa em realizar este sonho em um futuro breve. “Quero agradecer aos caras pessoalmente por este privilégio. Ter a minha história representada é maravilhoso, para poder impactar mais pessoas e mostrar que todo trabalho árduo é recompensado.”

Assim como tantos outros atletas já afirmaram, Nunes acredita que, ao ter sua história mostrada no clipe, é uma forma de apresentar para as pessoas um outro lado do skate. “É uma maneira de expandir as mentes das pessoas, para outras possibilidades além das manobras.”

https://youtube.com/watch?v=T-6Cx-VxXxI%3Fsi%3DIYdOFsRLU85WDtOI

MEIO DE LOCOMOÇÃO

Nunes se acidentou aos seis anos de idade. Com os amigos, o curitibano foi à linha de trem, com a ideia de subir em cima de trens abandonados e em movimento. O risco era grande de se machucar. “Não deu certo, mas a minha vida continuou normal, mesmo sem as pernas.” Com a cadeira de rodas, ele continuou com as vivências de uma criança de sua idade, jogando bola e andando de bicicleta.

“Ter perdido as pernas não me impediu de nada. Rindo e brincando com os meus amigos”, conta. Os primeiros contatos com o skate vieram quando Nunes completou 12 anos. Na adolescência, ele deixou a cadeira de rodas de lado e passou a utilizar a prancha como meio de locomoção. “Com o tempo, conheci outros skatistas e tive a enorme vontade de aprender as manobras.”

Uma década depois, Nunes já tem o caminho trilhado no esporte. Participando de campeonatos e em encontros com amigos, o skatista evoluiu e consolidou sua carreira no skate – tanto na modalidade clássica quanto na de atletas amputados. Em 2021, foi eleito skatista do ano pela Confederação Brasileira de Skate (CBSK) e conquistou um 4º lugar no X-Games, na categoria de melhor manobra; no ano seguinte, conquistou múltiplos troféus no Dew Tour.

Com sua história impulsionada pelo Metallica, o brasileiro agora sonha com os Jogos Paralímpicos, mas a modalidade de skate ainda não foi incluída na competição. Ele é apadrinhado por Tony Hawk desde que se tornou profissional no skate em 2021 – faz parte do Birdhouse Skateboards, marca do lendário skatista.

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